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domingo, 15 de julho de 2012

Resenha: A canção do súcubo - Richelle Mead


N° de páginas: 304
Capa do livro: 2/5
Livro: 4/5

Georgina Kincaid trabalha numa livraria, dá aulas de dança, é viciada em mocha de chocolate branco e principalmente, em Seth Mortensen e seus livros. Ah sim, um último detalhe, ela é um súcubo. Um simples beijo seu é capaz de sugar toda a energia vital do homem que estiver com ela e por mais que esteja cansada dessa vida, essa energia é sua principal fonte de alimento, é o que a mantém viva e o que lhe dá poder. Porém, como ela mesma diz, leva seu trabalhos "nas coxas". Diferente dos outros súcubos, Georgina não deseja causar mal a nenhum ser humano de bem, suas vítimas normalmente são homens corrompidos e de caráter duvidoso. Pois, dessa maneira, ela não sentirá peso algum na consciência, considerando que humanos corruptos não sofrem grandes danos.

Uma de suas maiores frustrações é não poder se apaixonar, apesar de todos os poderes que possui (mudar de forma e persuadir), Georgina nunca poderá ter uma família, amar alguém e tocar essa pessoa e por mais que tenham se passado séculos, ela também não consegue apagar os males do passado. Como se não bastassem os seus problemas pessoais, após o assassinato de um vampiro que vivia lhe perseguindo, a moça passa a ser acusada de ter alguma ligação com o crime. O grande problema é: Como um ser imortal pôde ser morto?

Não há dúvidas que eu sou uma grande fã de romances sobrenaturais e que nessa categoria, os livros de Richelle Mead dominam minhas prateleiras. Eu já imaginava que a série Georgina Kincaid seria muito boa, mas acreditem, o livro conseguiu superar minhas expectativas. A história foi muito bem construída, a narrativa de Georgina prende o leitor, por ser bem humorada (logo nas primeiras páginas você já se diverte) e ainda há aquela pontinha de mistério, ação e o final de partir o coração que te faz pensar "Tá. Como isso vai ser resolvido agora, Richelle Mead?".

Durante a leitura sofremos com a protagonista, passamos por momentos de "vergonha alheia" por causa dela, nos apaixonamos junto com ela e no final, você simplesmente gostaria de estar por perto para dizer que "tudo ficará bem".

Por conta de Georgina ser um súcubo, o livro possui muitas cenas sensuais. A autora não se deteve em descrever as cenas de sexo, mas o fez de uma maneira nada vulgar. Portanto, não julguem o livro de uma maneira errada, pensando que é uma narrativa explícita, pois isto seria um grande erro.

Bem, estou encantada por esse livro, extremamente ansiosa pelos próximos e feliz por a série já estar praticamente completa aqui no Brasil. rs
4 estrelas.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Resenha: Cidade das Cinzas - Cassandra Clare


N° de páginas: 404
Capa do Livro: 4/5
Livro: 4/5

ATENÇÃO! Veja aqui a resenha de Cidade dos Ossos.
Estou tentando escrever de uma forma que não prejudique a leitura de quem ainda não leu o 1° livro, espero que esteja funcionando. rs

" - O que a gente sente não faz diferença. Não há nada que se possa fazer. - Ela ouviu a própria voz como se fosse um estranho falando: distante, doída. - Para onde a gente iria para ficarmos juntos? Como poderíamos viver?
- Podíamos manter segredo."

Valentim está de volta e dessa vez com propósitos mais sombrios que os anteriores. Após o roubo do segundo instrumento mortal e uma onda de assassinatos de seres do submundo, Jace se vê numa situação bastante delicada, que pode custar sua liberdade e também sua vida. Acusado de estar colaborando com os planos de Valentim, ele precisa provar para sua família, para os membros da Clave e como se não bastasse, para a assustadora Inquisidora, que é inocente. Porém, estamos falando de Jace Wayland, portanto, nada será tão fácil.

Cidade das cinzas é o tipo de livro que nos leva do céu ao inferno em questões de minutos, ainda não superei o final da história, como o Jace pode ser tão tonto? Tá. A Clary também é uma lerdinha. Não. Eu não estou irritada. Mas, ao mesmo tempo em que esse final nos deixa com o coração partido, também deixa um ótimo gancho para o próximo volume da série, logo, estou ansiosa (novamente) por Cidade de Vidro.

Nesse livro descobri que sou extremamente apegada ao Simon. Isso mesmo. Eu nunca esperaria que coisas tão loucas fossem acontecer justamente com o pobrezinho. Simon é uma fofura e tem um humor que para mim, funciona mais que o de Jace, porém, não gosto dele e Clary juntos. Ela é do Jace, gente. Fim de papo.

O livro é repleto de ação e mistérios, muitas dicas são dadas sobre o desfecho de alguns segredos da série, dicas pouco evidentes, mas que nos deixam com a "pulga atrás da orelha". Há um romance lindo e conturbado - que é o motivo da minha revolta e coração partido -, há cenas hilárias, normalmente protagonizadas pelo ilustre e super querido Magnus (*.*) e por fim, contamos com MUITAS surpresas durante a leitura.

Um aviso: Preparem-se para o capítulo 8. rs E após a leitura deste capítulo, leiam esse post especial que a fofíssima Cassandra Clare reescreveu, desta vez, sob o ponto de vista do Jace. Ai gente, esse capítulo DEVERIA ter ido para o livro da forma como foi reescrito. É tão profundo, tão carregado de sentimentos, tão real. Enquanto eu lia, era como se eu estivesse ali, na Corte Seelie, junto com eles. Nossa, a Cassandra é sensacional.

Abaixo, o trecho que tirou o ar dos meus pulmões. rs Simplesmente perfeito:
"He clung to her more tightly, knotting his hands in her hair, trying to tell her, with the press of his mouth on hers, all the things he could never say out loud: I love you; I love you and I don’t care that you’re my sister; don’t be with him, don’t want him, don’t go with him. Be with me. Want me. Stay with me. I don’t know how to be without you."

Série MUITO recomendada, viu?!

domingo, 8 de abril de 2012

Resenha: Qual seu número? - Karyn Bosnak


N° de páginas: 414
Capa do livro: 3/5
Livro: 4/5


"Por experiência própria, posso dizer que acredito que o e-mail faz os relacionamentos progredirem em uma velocidade alucinante. Como as pessoas estão somente digitando palavras em um computador, elas não são tão defensivas como normalmente em relação a seus sentimentos, e geralmente acabam revelando coisas demais sobre si mesmas, em um espaço muito curto de tempo. Meu relacionamento com Kyle no mundo da internet era sólido e intenso, mas nosso relacionamento no mundo real era praticamente inexistente. Eu sabia muitas coisas sobre ele, mas, ao mesmo tempo, não sabia nada."

"
- Não sei por que ela ainda está aqui. A maioria das pessoas brinca com ela, mas ninguém assume o compromisso. - "Várias pessoas brincam com ela, mas ninguém assume o compromisso?" Novamente, eu digo a ela por telepatia que entendo como ela se sente. Quando pisca os olhinhos para mim de novo, sinto como se estivesse me olhando no espelho. Se houvesse um universo paralelo habitado por cachorros, então essa pequena yorkshire seria uma versão de mim."

"- Um homem muito sábio me disse, uma certa vez, que se você vai pensar sobre o seu passado, em vez de pensar nas razões pelas quais você não deveria ter feito o que fez, é melhor pensar nas razões pelas quais você fez o que fez. Acho que, desde que você tenha aprendido qualquer lição que precise ser aprendida e saiu da situação como uma pessoa melhor, então não faz sentido se arrepender. E é por isso que eu não me arrependo."

O que você gostaria em um chick-lit? Uma história engraçada e uma protagonista cativante? Um carinha sexy dono de um humor maravilhoso? E um enrendo criativo e personagens descontraídos? Então, você PRECISA ler Qual o seu número?
Devo informá-los que depois de experiências com Becky Bloom e Melancia, eu pensei não ter paciência para livros desse gênero, mas, como eu adorei a sinopse de Qual seu número?, resolvi arriscar e sinceramente? Apesar das dificuldades para engatar a leitura, que bom que arrisquei.

Delilah Darling está desempregada, sofre pressão de sua família por ser a filha ''mais velha e solteirona'', quando sua irmã mais nova está para se casar. É viciada em Lionel Richie e mais recentemente, passou a se auto definir uma mulher fácil.

Após ler em um jornal que a média de homens que uma mulher já se relacionou na vida é de 10.5, Delilah, aluga um carro, compra apetrechos de espionagem e contrata seu vizinho lindo/fofo/sexy para ajudá-la a encontrar seus 20 ex namorados, pois um deles será o cara ideal, o homem de seus sonhos e dessa forma, seu número não irá aumentar. Acontece que achá-los é a parte mais simples da missão de Delilah, se aproximar deles é o grande obstáculo. Nossa querida personagem viverá as mais diversas situações em busca do ''ex de sua vida'' e durante seu percurso quem mais se diverte somos nós, os leitores.

Quem me acompanha no skoob, sabe que eu costumo fazer Histórico de Leitura e provavelmente viram o dilema que tive com esse livro. A história simplesmente não engatava, eu já estava perdendo as esperanças. Mas, sendo perseverante e vencendo o tédio, cheguei ao capítulo 4 e a partir daí, eu não resisti ao livro e continuei com a leitura até o fim.
Qual o seu número? é MUITO engraçado, do tipo que você dá gargalhadas. Delilah é a protagonista mais sem noção que eu já vi, ela é tão natural em suas atitudes que acaba sendo ingênua. A partir do momento em que ela colocou na cabeça que iria atrás de seus ex's, ela simplesmente apostou todas as suas fichas na aventura. Ela se mete em cada confusão... queria contar algumas para vocês, mas seriam spoilers, desculpa gente.

Eu fiquei impressionada com a criatividade da autora, imaginei que seria bem difícil ela desenvolver a história em cima de tantos personagens e que ao longo da leitura eu fosse encontrar várias pontas soltas, mas felizmente, isso não aconteceu. Karyn sabia o que estava fazendo. Uma outra coisa que gostei bastante, é que a cada novo capítulo temos um mapa, mostrando o caminho percorrido por Delilah, o nome do ex que ela procurando e também as características dele, assim como as folhas em que ela listou o nome de cada um deles. Me ajudou bastante, evitou que eu me perdesse na história (sério pessoal, são muitos personagens).

E como todo YA que se preze, temos o homem charmoso que é sempre (SEMPRE) muito amor. Colin Brody não poderia ser diferente. Ele faz o tipo vagabundo mais atencioso do mundo. Achei tão bonitinha a sintonia entre ele e Delilah, a autora criou a relação deles tão bem, que somos capazes de sentir a química entre os dois (cap 15, shiiiu).

- Quer dizer que você não está namorando? - eu pergunto, duvidando dele.
Colin balança a cabeça. - Não. Tenho uma amiga, mas ela não é minha namorada, e o que havia entre a gente acabou.
- E por que acabou? - eu pergunto, curiosa.
Ele pensa na minha pergunta. - Não é que eu tenha uma lista ou coisa assim. Eu simplesmente ainda não encontrei aquela pessoa especial, alguém que me faça querer segurar um aparelho de som embaixo da sua janela. Ainda não aconteceu.
Um aparelho de som embaixo da janela?
- Assim como Lloyd Dobler fez em Digam o que quiserem?
Colin faz que sim com a cabeça, sorrindo. - Isso mesmo.
- Eu adoro esse filme.
- É um dos melhores que já vi.

Eu marquei vários quotes no livro, estou com muita vontade de mostrá-los aqui, mas sou forte e não farei nada disso rs. Delilah é simplesmente demais e para nossa alegria, não é do tipo que faz uma burrada atrás da outra com o cara certo, como muitas protagonistas que vemos por aí.

Gostei bastante do livro, adorei a narração, o tema e achei a diagramação muito boa (agradeço à tradutora pelas notas no rodapé), mas dei 4 estrelas (que significa um Muito Bom) e não 5. Motivos: O tempo que eu demorei para levar a leitura adiante.
Sei que não é particularmente culpa do livro, mas foi algo que considerei e isso lhe rendeu a perda de uma estrela, mas fora isso, o livro é muito legal. Quem curte chick lit (e quem não curte também) irá adorar Qual seu número?.
Super recomendado.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Resenha: O céu está em todo lugar - Jandy Nelson





N° de páginas: 423

Capa do Livro: 4/5
Livro: 4/5











"Viro-me em seus braços para que fiquemos de frente um para o outro, então enlaço seu pescoço com meus braços ao mesmo tempo em que me puxa para mais perto dele. Ah, Deus, não me importo se estou agindo errado, se estou quebrando todas as regras do mundo ocidental, não me importo mais com nada, pois as nossas bocas, que foram momentaneamente separadas, encontraram-se novamente, mas esse fato arrebatador não tem mais importância.
Como as pessoas agem quando estão se sentindo assim?
Dirigem carros?
Ou esperam maquinaria pesada?
Como a civilização continua, quando algo assim acontece?"

"- O que as outras famílias diriam? - pergunto. Ele nunca falou nada assim sobre a mamãe. Será que tudo não passa de uma história inventada para esconder que é louca? Será que estava mesmo fora de si?
- Não importa como os outros chamam isso, Len. Esta é a nossa história e nós a contaremos.
Esta é a nossa história, ele diz, usando seu tom de Dez Mandamentos, e é assim que entendo: profundamente. Pode-se pensar que, pelo fato de ler tanto, eu já teria imaginado isso antes, mas não me ocorreu. Nunca fantasiei essa interpretação a respeito de minha vida. Sempre me senti parte de uma narrativa, mas não como autora dela, ou como se tivesse algo a contar sobre ela, qualquer que fosse.
Você pode contar a sua história da maldita maneira que quiser.
É seu solo."


O céu está em todo lugar é um dos livros mais bonitinhos que eu li esse ano, nem acredito que o deixei na fila de espera por tanto tempo. Eu estava esperando um drama com um pouco de romance, mas esse livro está mais para um romance com um pouco de drama e uma pitadinha de comédia. Sim, é possível se divertir com ele rs. Não consegui largá-lo até chegar na última página.

Lennie Walker é a nossa protagonista amargurada, pois está vivendo um dos momentos mais difíceis de sua vida: a perda de sua irmã/melhor amiga, Bailey Walker. Bailey faleceu durante um ensaio para a peça Romeu e Julieta e desde então a vida de Lennie e sua família está presa numa névoa de tristeza.

Lennie é uma devoradora de livros (conseguiu se identificar? rs), seu preferido é O morro dos ventos Uivantes, que foi lido vinte e três vezes. Lennie também é uma amante de música, por isso, faz parte da banda da escola, tocando clarinete. Ou costumava tocar, já que desde que Bailey faleceu, Lennie tem se privado de tudo que seja capaz de lhe proporcionar o mínimo de felicidade, inclusive de sua música.

Len esteve sempre à sombra de sua irmã, costuma até a se igualar a ''um pônei acompanhante de um puro-sangue'', a velha síndrome da mocinha que não nota que é tão especial quanto a outra, mas nem por isso o livro deve ser desmerecido. Confesso que desde Bela Maldade e Siren, eu peguei um trauma de livros que falam sobre perdas de irmãs, por sempre virem acompanhados de uma mocinha que se culpa totalmente pela causa da morte ou enfatiza como a irmã era mil vezes melhor, e claro, a típica frase: Me sinto mal por ainda estar aqui. Mas, apesar de O céu está em todo lugar conter todos esses clichês, é muito, muito cativante. Porém, foi exatamente esse trauma e os excessos de clichês sobre irmãs que fizeram eu retirar uma estrelinha do livro, mas apenas isso.

Acho que a culpa - pela primeira vez - do livro ser muito legal, não é do mocinho fofo que nos faz derreter, mas da protagonista, eu simplesmente adorei a Lennon. Mesmo com as crises existenciais, que para falar a verdade, são altamente compreensíveis, ela foi a minha personagem predileta do livro.
Vocês devem achar estranho eu sempre defender os personagens problemáticos, não é? rs. Acho que isso tem a ver com a maneira como eu vejo a história, eu me ponho no lugar deles várias vezes e tento entender o motivo de tais atos, mesmo quando esses personagens me irritam. Acho até que a leitura fica mais divertida assim.

Voltando à Lennon. Sim, Lennon (pois sua mãe, Paige Walker, era hippie), que possui um nome com facilidade para gerar apelidos: Lennie, Len e John Lennon rs. Este último graças ao fofíssimo Joe Fontaine *-* Gente, ele é uma gracinha, rancoroso, mas uma gracinha. Devo comentar que ele só ficou assim porque a Len o magou? Pois é pessoal, nossa linda protagonista é uma... como posso dizer? Menina... fácil. Não fácil. Mas... confusa? Ok. A Len adora perder a linha, ela mesma se pune por não saber onde foi parar aquela menina meiga e tranquila de um mês antes. Eu dei risadas com a maneira que ela pirava quando fazia besteira e depois esquecia do drama e fazia tudo de novo rs.

O livro seria muito mais divertido, se não fosse o foco dramático que a autora dá para ele, pois ela enfatiza a perda de Bailey e muitas das ações de Lennie são em torno da irmã. Algumas cenas até dão agonia, como ela não querer se livrar dos fios de cabelo na escova de Bails (depois ela mesma decide que isso não está dando certo).

Há dois carinhas legais no livro, que são os dois garotos por quem Lennon se sente atraída (e troca beijos, muitos), um deles eu já citei, o lindo Joe Fontaine, que sempre a tira da tristeza, e de quebra veio da França (lembra algo?), fazendo-a sorrir como ela nem sabia ainda ser possível e o sexy Toby, que a consola com muitos carinhos. Só, que tem um pequeno probleminha em Toby e isso eu não posso dizer, porque é spoiler. Ahhhh.

E claro, temos ainda a Vovó e o tio Big, que também são personagens adoráveis, cada um lidando com a dor da maneira que pode, apenas Joe consegue tirá-los do vazio da perda. Vovó cultiva flores, que dizem ser afrodisíacas e talvez elas até expliquem os vário casamentos de Big, um homem bigodudo que é especialista em plantas, viciado em maconha e aprendiz de cientista louco, segundo Len. Gosto quando ele entra em cena, pois tem sempre alguma boa piada para fazer.

Todos os personagens possuem seus próprios fantasmas e ao decorrer da história vemos todos eles, um por um superando-os e seguindo em frente. Com um bom enrendo, personagens cativantes, uma diagramação liiiinda e um bom final, a única coisa que posso dizer é: Super Recomendado.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Resenha: Coraline - Neil Gaiman



N° de páginas:160
Capa do Livro: 3/5
Livro: 4/5

"— Então — disse Coraline —, mais para o fim da tarde, meu pai voltou ao terreno baldio, para recuperar seus óculos. Disse que se deixasse passar um dia, não conseguiria lembrar onde eles haviam caído.
"E logo ele voltou para casa, usando seus óculos. Disse que não teve medo quando ficou lá em pé, sendo picado e ferido pelas vespas, vendo-me fugir. Sabia que tinha que me dar tempo suficiente para correr, ou as vespas perseguiriam a nós dois."
Coraline girou a chave na porta. A chave girou com um clunk sonoro.
A porta abriu-se completamente.
Não havia parede de tijolos do outro lado da porta: apenas escuridão. Um vento frio soprava pela passagem.
Coraline não tomou a iniciativa de atravessar a porta.
— E ele disse que não tinha sido corajoso ao simplesmente ficar lá e ser mordido — disse Coraline ao gato. — Não tinha sido corajoso porque ele não tivera medo: era a única coisa que ele podia fazer. Mas, voltar para pegar os óculos, sabendo que as vespas estavam lá e, desta vez sentindo medo, aquilo era coragem.
Coraline deu o primeiro passo para dentro do corredor. Podia sentir o cheiro de poeira, umidade e mofo. O gato caminhava a seu lado.
— E por quê? — perguntou o gato, embora parecesse muito pouco interessado.
— Porque — disse ela — quando você tem medo e faz mesmo assim, isso é coragem."

"— Você sabe que amo você.
E a despeito de si mesma, Coraline acenou com a cabeça. Era a verdade: a outra mãe a amava. Amava-a, no entanto, como um avaro ama o dinheiro ou como um dragão ama seu ouro. Coraline sabia que aos olhos de botões da outra mãe, ela era uma posse, nada mais. Um bicho de estimação tolerado, cujo comportamento já não era mais divertido."

"Coraline olhou para baixo esperando que fossem bombons ou caramelos. O saco estava preenchido até a metade de grandes besouros reluzentes, subindo um por cima do outro no esforço de sair do saco.
— Não — disse Coraline. — Não quero.
— Você que sabe — disse a outra mãe. Pegou cuidadosamente um besouro especialmente grande, arrancou-lhe as patas (que deixou cair habilmente dentro de um cinzeiro grande de vidro sobre a mesinha ao lado do sofá) e estourou o besouro na boca. Mastigou-o alegremente.
— Hmm — exclamou, e pegou outro.
— Você é nojenta — disse Coraline. — Nojenta, estranha e má."

"O velho maluco do andar de cima chamou Coraline quando a viu deixar o apartamento das senhoritas Spink e Forcible.
— Ei! Oi! Você! Caroline! — gritou por sobre o corrimão.
— É Coraline — respondeu Coraline. — Como vão os ratos?
— Algo os está aterrorizando — disse o velho, coçando os bigodes. — Acho que talvez tenhamos uma doninha pela casa. Algo está acontecendo. Eu ouvi à noite. Na minha terra, armaríamos uma arapuca para ela, com um pedaço de carne ou de hambúrguer talvez e, quando a criatura viesse banquetear-se, então — bam! — seria presa e nunca mais nos incomodaria. Os ratos estão tão apavorados que sequer se aproximam de seus pequenos instrumentos musicais.
— Não acho que ela queira carne — disse
Coraline. Levantou a mão e tocou a chave negra pendurada em volta do seu pescoço. Então, entrou."

"Coraline acaba de mudar para um apartamento numa casa antiga, com 22 janelas e 14 portas. Treze portas abrem e fecham, sem problemas. A décima quarta abre para uma parede de tijolos ou para um corredor escuro e gelado, conforme a hora e a ocasião. Do lado de lá, fica um apartamento maravilhoso. Parecido com o dela, mas muito melhor. Lá a comida é muito mais saborosa, os brinquedos parecem ter vida própria e Coraline descobre que tem uma outra mãe e um outro pai.Viver lá seria ótimo. Mas há um senão. Para ficar no mundo dos outros pais, Coraline teria que se tornar uma pessoa um pouco diferente. Só que essa pequena diferença é assustadora. E irreversível... Que o digam as três crianças presas por trás do espelho. Para elas, Coraline é a única esperança de salvação. Para libertá-las ela terá que usar toda sua inteligência, toda sua capacidade de decifrar enigmas e toda a luz que tem dentro de si."

Desde o dia que assisti ao filme fiquei louca para ler o livro, essa foi uma das poucas excessões à minha regra de sempre ver o filme, apenas depois de ler o livro. Coraline, o filme, é bem legal, mas o livro, obviamente é muuuuito melhor. Há um personagem na adaptação que sequer existe na história no qual foi baseado, foram mudados vários pontos do livro para que ele pudesse entrar. Ok, ele é um personagem até simpático, mas para mim, ele era totalmente desnecessário. Apesar disso, vale a pena conferir o movie.

Coraline é um livro extremamente sombrio, um infanto juvenil que se eu tivesse lido quando era mais novinha, com certeza eu ficaria impressionada e teria dormido com a luz acesa por alguns dias. Nossa protagonista é fantástica, aliás, todos os personagens da história são incrivelmente bem construídos. Como uma menininha pode ser tão esperta e corajosa apesar de sua pouca idade? Sério. Coraline é fascinante.

Da "outra mãe" ao Gato, todos os personagens criados por Gaiman possuem uma pitada de obscuridade. Ao ler a história não consegui imaginar nenhum cenário colorido e bonitinho, apenas branco e cinza, tempo nublado e rostos pálidos. Gente, o final foi o motivo principal para eu dar 4 estrelas para a estória, ele é simplesmente... de tirar o fôlego. Fiquei muito agoniada, apesar de saber como tudo terminaria.

A "outra mãe" é perversa e claro, as gravuras presentes no livro não ajudam muito para que você imagine personagens graciosos rs.

"— Como posso saber que você vai manter sua palavra? — perguntou Coraline.
— Eu juro — disse a outra mãe. — Eu juro pelo túmulo da minha mãe.
— Ela tem um túmulo? — perguntou Coraline.
— Oh, sim — disse a outra mãe. — Eu mesma a coloquei lá. E quando descobri que estava tentando arrastar-se para fora, coloquei-a de volta."

A história possui tantos quotes que se eu pudesse colocaria todos aqui, mas não creio que ficaria agradável para quem fosse ler e o texto teria muita informação, o que não é o objetivo. Gostaria de implantar em vocês a curiosidade, porque é um livro que vale muito a pena. De qualquer forma, eu acabei não resistindo e postei além da conta rs. Mas, espero que vocês gostem.

Voltando aos personagens, tenho certeza de que devem estar pensando que minha preferida na história é Coraline, certo? Errado. O personagem que mais me cativou foi o Gato. Creio que sou suspeita para falar isso, já que sou apaixonada por animais, mas nesse caso, realmente a personalidade dele chamou minha atenção. O personagem é enigmático, indiferente, cheio de boas tiradas e totalmente disposto a cuidar de Coraline. Apesar de fingir não se importar, ele sempre aparece nos momentos certos e ajuda a menina a sair dos inúmeros problemas que arranja.

Como diz no livro, Coraline é uma super concorrente para Alice, de Lewis Carroll. As duas são apaixonantes, cada uma ao seu modo, mas Coraline é de longe o livro mais perturbador entre os dois.

O único motivo que me fez retirar uma estrelinha foi eu ter levado um tempo para me envolver com a história, lá para o meio do livro que ficamos vidrados e os inúmeros quotes surgem no caminho, fazendo-nos querer ler mais e mais. Fora isso, o livro é excelente. É a minha recomendação da semana para vocês.